O que entendemos hoje por bondade divina, é quase que exclusivamente a capacidade de amar de Deus, e isso pode ser até verdade. A maioria de nós entende, nesse contexto, amor como bondade - um desejo de ver os outros felizes, e não apenas nós; felizes não por isso ou aquilo, mas simplesmente felizes. Será que o que nos satisfaz realmente é um Deus que diga: "Pouco me importa, desde que eles fiquem satisfeitos", quando tivermos vontade de fazer qualquer coisa? O que desejamos, de fato, não é bem um pai no Céu, mas um avô no Céu - uma benevolência de gente "velha" que, como se diz, "gosta de ver gente jovem se divertindo", e cujo plano para o universo fosse simplesmente que ele dissesse ao fim de cada dia: "Tudo isso até que foi divertido". Não são muitas as pessoas, admito, que formulariam uma teologia em termos tão precisos; mas uma concepção não muito diferente dessa, se oculta no inconsciente de várias mentes. Não pretendo ser uma exceção. Gostaria muito de viver num universo governado por princípios como esse. Mas como está mais do que claro que não vivo. e já que eu tenho razões para acreditar que, apesar disso tudo, Deus é amor, concluo que a minha concepção de amor necessita de correção.
de "O Problema do Sofrimento" - C. S. Lewis
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