Todos podemos entender que um homem seja capaz de perdoar ofensas praticadas contra ele mesmo. Você pisa no meu pé ou rouba meu dinheiro, e eu o perdôo. Mas o que dizer de um homem que jamais foi roubado, nem lhe pisaram no pé, mas que anuncia que o perdoaria, por ter pisado no pé de alguém, e roubado a outros? Presunção estúpida, é a descrição mais gentil que poderíamos dar à sua conduta. No entanto, foi isso mesmo que Jesus fez. Ele disse às pessoas que os seus pecados estavam perdoados, sem jamais consultar aos que haviam sido lesados por esses pecados. Ele se comportava, sem hesitação, como se fosse a parte mais interessada, a pessoa mais ofendida de todas. Mas isso só faria sentido, se ele, de fato, fosse Deus, cujas leis tivessem sido quebradas, e cujo amor, tivesse sido ferido a cada pecado cometido. Proferidas por qualquer pessoa que não fosse Deus, essas palavras seriam, para mim, nada mais do que bobagens e presunção sem igual, jamais igualadas por qualquer outro personagem da história.
Porém (e essa é a coisa mais estranha e siginificativa), até mesmo os seus inimigos, quando lêem os Evangelhos, não costumam ter a impressão de bobagens ou presunções. Muito menos a têm, os leitores imparciais. Cristo diz que é "humilde e manso", e nós simplesmente acreditamos nele sem notar que, se ele fosse simplesmente um homem, humildade e mansidão, seriam as últimas características que atribuiríamos a alguns dos seus ditos.
de "Cristianismo Puro e Simples" - C. S. Lewis
Nenhum comentário:
Postar um comentário